
A síndrome do pânico (transtorno do pânico) é um transtorno ansioso que gera ataques repentinos de pânico, que são minutos de pavor bastante intensos.
Dentre os sintomas mais comuns durante uma crise, temos:
Coração acelerado, aperto ou dor no peito, formigamento nas mãos e pés, sensação de sufocamento, moleza nas pernas, suor excessivo, sensação de estar perdendo o controle e/ou desmaiando, sensação de estar fora de sí, dores nos braços e em outros membros, dor na nuca, sensação de estar enfartando ou tendo um derrame, vontade de sair correndo e pensamentos terríveis (como de morte, se vendo numa maca, dentre outros).
Vivo com essa doença há mais de 20 anos.
Desde cedo, ainda pré-adolescente.Minha primeira crise foi aos 11 anos.E nada de ruim aconteceu para que tivesse uma crise.Estava de férias com a família, dentro do carro de meu pai, passeando à 40 km/h numa estradinha do interior.Nada, nenhum fato que gerasse medo ou estresse a desencadeou.
Foi só aquela crise aos 11 anos.Voltando a ter aos 14 anos.Mas percebia que o medo se instalou em mim.Ia rotineiramente ao médico e, graças à Deus, nunca tinha nada de anormal.
Mas o medo e algumas crises persistiam e a dificuldade de diagnóstico à época me levou a fazer mais exames que uma pessoa faz durante uma vida..eletrocardiograma, eletroencéfalograma, ecodopler, esteira, mapeamento da tireóide, exames de sangue aos montes, raixo x de tudo e outros.
Nada.
Segundo os médicos, eu não tinha nada.Isso foi em 1990(tinha 14 anos de idade).
Mas minhas crises não cessavam (não eram diárias, mas o medo era), até que, aos 16 para 17 anos um psiquiatra me diagnosticou com tal transtorno.
Me receitou um antidepressivo e um ansiolítico.
As crises cessarram por completo em poucos dias.A ansiedade também diminui bem.
Mas tive duas recaídas (aos 18 anos e aos 32 anos) e, novamente, me tratei com nova medicação (mesma tipo de medicação, mas, mais moderno).
Melhorei.
Passaram 3 anos após o término do tratamento (de 2 anos) e voltei a ter crise, mas de menor intensidade e exporádicas (certamente desencadeadas por problemas e estresse constantes).
O remédio pode te curar para sempre, mas recaídas, podem ocorrer em mais de 50% ds casos após 3 anos do término do tratamento (li na bula de um antidepressivo que usei).
Tratar o transtorno do pânico requer mais que remédios.
A maioria dos portadores tem crises exporádicas (exceto no auge das crises, onde elas podem ser diárias até).
Uma crise dura entre 5 e 20 minutos em média, não mais.O corpo humano tem meios próprios de auto defesa.
Por pior que seja uma crise de pânico, ela não passa daquilo já presenciado.
O que faz uma crise PARECER pior são os pensamentos que ocorrem antes e durante uma crise.
Esses pensamentos catastróficos alimentam uma crise, tornando-a mais sofrida.
Na pior crise da minha vida, onde pensei que estava, de fato, morrendo, algumas horas depois (da crise já cedida, mas um medo enorme instalado), fui ao P.S.
Pressão normal, coração normal pulsação, sem nada de arritmia.
Já parei no P.S inúmeras vezes.Tenho 36 anos..devo ter feito uns 15 eletros.
Portanto, não basta só tomar medicações.
Tem de mudar a mente.
Muitos portadores passam meses sem ter uma crise sequer, só que vivem com medo constante de ter novas crises.É, de certa forma, um trauma.
Muitos deixam de ter uma vida normal e acabam por se tornarem pessoas agorafóbicas (medo de sair/estar longe, que atinge uma parte considerável dos portadores).Eu fiquei 3 meses sem sair de casa.
É esse medo que deve ser tratado.Esse trauma.
E não existem pílulas, remédios para medos e traumas.Existe remédio para medo de barata?
Existe a necesidade de uma mudança no padrão de pensamento.Esse pensamento constante de ter novas crises.Isso deve mudar, pois, se não muda, os remédios apenas tratam os sintomas físicos da ansiedade, não a causa (medo/trauma).
A terapia oferece esse tratamento. A terapia, pela TCC (terapia cognitivo-comportamental), te expõe em determinado ponto ao medo, que pode até gerar uma crise forte, depois outra média e até deixar de ser importante.
A TCC auxilia a diminuir o grau de ansiedade e a intensidade de uma crise.
Como salientei, uma crise é agravada pelos temores e pensamentos recorrentes de uma nova crise.
Uma crise de pânico, com o tratamento terapeutico citado, pode deixar de existir ou será apenas um evento sem maior relevância.
Muitas pessoas se curam por completo do pânico, outras, não.
Isso decorre muito da condição de vida de cada um, do estresse, das pressões diárias.
É importante, também, se livrar até onde puder de fatos que te aborrecem.
Todos temos problemas, mas se puder eliminar alguns, ajuda muito.
Esqueça, por exemplo, querer resolver problemas dos outros.Esqueça querer que tudo saia conforme você quer.
Flexibilidade na vida é um passo importante.Não queira carregar o mundo nas costas.Não dá. É simples.
São escolhas. Alguém terá uma crise por você?Não.
E, estando mais "relax" você se torna uma pessoa mais acessível aos que te cercam e encara os problemas, os desafios de uma maneira mais tranquila.
E mais "relax", as chances de uma crise reduzem muito.
Falar em cura para sempre é uma dúvida entre especialistas.
Mas a certeza é que, tendo uma vida mais relaxada, com menos pressão, as chances diminuem muito.
Reveja sua vida.Verifique o que te incomoda.Analise o que te deixa ansioso.E corte o que for possível.
Além do mais, bebidas alcoólicas, cafeína, refrigerantes tipo "cola", chá preto, energéticos, alimentos que estufam, são inimigos da ansiedade.
Quem tem pânico nasceu com uma caracerística de ser ansioso, querer levar o mundo nas costas e ser nervoso e/ou explosivo.
Controle-se.
Um método que aprendi na terapia foi o controle da respiração....durante uma crise (ou ameaça), respire devagar pelo nariz, em 3 estapas (pode considerar coisa de 1 segundo cada etapa)...em seguida, lentamente, vá soltando pela boca, em 3 etapas (ou segundo).
Só esse método elimina em cerca de 50% as chances de ter uma crise e, quem está numa crise, diminui sua intensidade.
Algumas pessoas com síndrome do pânico pode também ter TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).
É outro transtorno ansioso, que, necessariamente, não gera crises de pânico (apesar de ser bem comum), mas atrapalha demais o portador no seu dia-a-dia.
A pessoa tem pensamentos ruins aos montes (obsessões) e só consegue diminuir o alívio da ansiedade gerada por tais pensamentos, fazendo rituais (compulsões).
As compulsões comuns são tocar em algo, repetir palavras, fazer "cacoetes", fazer orações, repetir atos, refazer coisas, se limpar/lavar com frequência e em excesso e outros.
Ao redor de 1/3 dos portadores da síndrome do pânico (transtorno do pânico) tem também, TOC.
O tratamento medicamentoso no TOC é mais complicado, sendo que a terapia é mais eficaz em muitos casos.
Eu também tenho TOC e passei brevemente por duas terapeutas de muita qualidade.
O TOC deve ser enfrentado sem fazer os rituais (compulsões).
Não pude ir mais à terapia, por questão financeira.
Mas há muitos livros sobre esses transtronos ansioso citados.
Deixo como exemplo, um livro muito importante em minha vida, dado por uma pessoa muito especial.
O livro se chama: "Sem Medo de Ter Medo", de Tipo Paes de Barros Neto.
Livro excelente, de fácil leitura, escrito por um renomado médico da área, que aborda o transtorno do pânico, TOC, estresse pró-traumático, fobia social.
Nenhuma doença dessas matam ou deixam sequelas, só que o prejuízo sócio-econômico deixado me fez desejar, em alguns momentos, ter uma grave doença.
Hoje, estou eliminando tudo que me aborrece (o que é possível).Certamente poderia ter feito antes, mas você só se recorda de corrigir certos pontos em sua vida, quando volta a ter uma crise ou uma recaída...rs)
E mais algumas informações para finalizar: algumas pessoas podem desenvolver ataques de pânico após o uso de drogas, excesso de alcool ou problemas na tireóide.
Existe um problema no coração, chamado prolapso da válvula mitral, que pode desencadear as crises.
Mas é um problema que raramente necessita de tratamento, pois não causa riscos à saúde.É comum quem tem esse problema (e acaba por ter crises de pânico) se tratar de maneira semelhante aos que tem o transtorno do pânico sem tal problema.
(foto do quadro: O Grito, de Edvard Munch)